A Panificadora de Fontes, fundada em 1922 por António Monteiro, é a mais antiga padaria do Concelho de Santa Marta de Penaguião e actualmente a única em Fontes, onde chegaram a existir três. Negócio de família, à morte do fundador, passou para o filho e está agora nas mãos dos netos Vítor e Jorge Monteiro.
É com Vítor Monteiro que conversamos enquanto faz o pão com o seu ajudante Tiago Amorim. O outro irmão, Jorge Monteiro, é o responsável pela pastelaria e trbaalha noutro horário.
PM: Nesta padaria o forno ainda é de lenha?
VM: Claro, embora já não seja o de origem, mas um mais moderno que permite um trabalho mais simples e rápido. No forno original, a lenha era colocada lá dentro, levava muito tempo a aquecer e tinha de se ir mantendo o calor, acrescentando carqueja.
PM: Modernizaram-se, mas tentando manter a tradição…
VM: A tradição e a qualidade do pão: o pão de milho — a broa, o bijú, que dantes só se fazia ao domingo, e o pão de centeio. E só usamos farinha, água e sal, não acrescentamos gorduras, nem outros aditivos.
PM: Apesar de ser a única padaria de Fontes, disse-nos que vende menos pão do que antigamente…
VM: Dantes havia mais pessoas, tanto na vila como nos lugares em redor. As pessoas vinham até cá comprar o pão. E como não havia telemóveis e computadores, as pessoas saíam à noite e ficavam nos cafés e nas tascas a conviver até tarde. Aí pela uma e meia, duas da manhã vinham até à padaria comprar o pão fresco, acabado de sair do forno. Tudo isso acabou, a emigração esvaziou as terras. Aqui não há trabalho e as autarquias não fazem nada para que haja mais trabalho que mantenha cá as pessoas.
Despedimo-nos e ficamos todos à espera da festa do centenário.