No Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Chaves, não há pediatras para assegurar as urgências nocturnas. São os médicos generalistas que recebem as crianças e que, se acharem necessário, chamam o pediatra de prevenção. Ora, sabemos que em outro hospitais, já aconteceu com alguma frequência que o pediatra de prevenção estivesse em casa a dormir e não ouvisse o telefone ou o bip, ou se encontrasse longe e levasse horas para chegar ao hospital — situação que pode pôr em causa cuidados atempados que salvem vidas.
A prevenção é o que permite responder a momentos de alta afluência, por exemplo, no caso de epidemias ou catástrofes naturais. Nem todas as especialidades necessitam de ter um médico de serviço às urgências, mas a pediatria não é uma delas. Na nossa região os serviços de saúde são escassos, dadas as distâncias que é necessário percorrer para se ter acesso a cuidados médicos e de enfermagem; e a falta de médicos nos hospitais é uma falha grave que põe em causa um serviço público que é talvez o mais prezado pelo povo português e um dos mais necessários.
Uma reforma que torne o nosso Serviço Nacional de Saúde substancialmente mais bem organizado e responsivo às necessidades da população é um dos desafios que o novo governo tem de levar muito a sério.